Muitas vezes a comunicação verbal com o paciente
psiquiátrico é tão difícil, que fica impossível o acesso do terapeuta ao seu
mundo interno. As atividades expressivas facilitam o acesso ao mundo interior do
psicótico, criam oportunidades para que as imagens do inconsciente encontrem
forma de expressão.
Afirmações com as de Fayga Ostrower “criar é tão difícil ou tão fácil como viver. E é do mesmo modo necessário”; e de Carl Gustav Jung, “Se houver alto grau de crispação do consciente muitas vezes só as mãos são capazes de fantasia”, podem ser confirmadas diariamente nos setores de terapia ocupacional dos hospitais psiquiátricos.
Em 1948, Nise da Silveira constatou, empiricamente, o que se confirmou nos anos seguintes: “Nossa observação cada vez mais confirma que a pintura não só proporciona esclarecimento para processos patológicos, mas constitui igualmente verdadeiro agente terapêutico”.
O tratamento através da atividade era visto com descaso na nossa cultura fascinada pelo pensamento racional, pelo verbo, sobretudo quando a atividade ocorria em nível não verbal.
Freud considerava a atividade plástica insuficiente para a conscientização de sonhos e fantasias, porque considerava a expressão visual um acesso imperfeito à consciência, encontrando-se mais próximo dos processos inconscientes do que do pensamento verbal. Considerava o inconsciente um “caos ou caldeira cheia de pulsões em ebulição”. Lá estavam fervendo conteúdos reprimidos, buscando satisfação, recorrendo para isso a deformações e disfarces.
A psicologia junguiana afirma que através da atividade expressiva, mesmo que o paciente não tome consciência de suas significações profundas, as imagens projetadas do inconsciente, se tornam menos apavorantes, pois ficam despojadas de suas fortes e desintegradoras cargas energéticas, e mais tarde, podem se tornar até inofensivas.
Jung afirmava: “Basta que um paciente perceba que, por diversas vezes, o fato de pintar um quadro o liberta de um estado psíquico deplorável, para que ele lance mão deste recurso cada vez que seu estado piora. O valor desta descoberta é inestimável, pois é o primeiro passo para a independência, a passagem para o estado psicológico adulto”.
A atividade expressiva pode ser utilizada para reorganizar o mundo interno do paciente, e ao mesmo tempo para reconstruir a realidade. Para tanto, o doente recorre ao uso de ferramentas, o agente mecânico que executa o trabalho, mãos, pincéis, tesouras, etc., e materiais; tintas, papéis, cola e outros objetos consumidos na construção da atividade.
Mas os problemas dos pacientes psiquiátricos dilaceram o ser, e só com uso de ferramentas e materiais, esses problemas não serão resolvidos. Como afirma Lisete Ribeiro Vaz, terapeuta ocupacional do Rio de Janeiro: “É a presença afetuosa, atenta e disponível do terapeuta ocupacional, que pode promover um clima de confiança tal que conduza o doente à manifestação plástica de seus conteúdos internos”.
Em primeiro lugar, voltar à realidade depende de um relacionamento confiante com alguém, que represente um ponto de apoio, sobre o qual o paciente poderá fazer um investimento afetivo, relacionamento que se estenderá aos poucos, a contatos com outras pessoas e com o ambiente.
Dificilmente o tratamento será eficaz se o doente não tiver a seu lado alguém que represente um suporte afetivo. Se não houver investimento afetivo na atividade, não haverá tratamento ocupacional. É através dessas manifestações expressivas que teremos acesso ao mundo interno dos psicóticos, um mundo tão pouco acessível por abordagens lógico-discursivas.
As melhoras clínicas são o resultado da despotencialização de imagens aterrorizantes, que ao se expressarem plasticamente, repetidas vezes, desgastam sua carga energética. O mesmo recurso que utilizamos depois de um filme de terror, quanto mais falamos daquelas cenas apavorantes, menos medo sentimos.
A conduta terapêutica é deixar a mais ampla liberdade de expressão aos doentes. Diferentes materiais exigirão diferentes posicionamentos, ou atitudes, do paciente durante o processo terapêutico.
“A expressão espontânea é o núcleo da Terapia Ocupacional e através dela, a Terapia Ocupacional se distingue das demais áreas de tratamento e abordagem do ser humano”, afirma Lisete Ribeiro Vaz, em seu livro “A paixão de imaginar com as mãos”.
Tratar com atividade é tratar com a vida, vida é movimento que expressa energia e vivacidade, a vida é uma atividade incessante. Não é alienar o paciente, é inseri-lo, é possibilitar seu retorno à realidade.
Afirmações com as de Fayga Ostrower “criar é tão difícil ou tão fácil como viver. E é do mesmo modo necessário”; e de Carl Gustav Jung, “Se houver alto grau de crispação do consciente muitas vezes só as mãos são capazes de fantasia”, podem ser confirmadas diariamente nos setores de terapia ocupacional dos hospitais psiquiátricos.
Em 1948, Nise da Silveira constatou, empiricamente, o que se confirmou nos anos seguintes: “Nossa observação cada vez mais confirma que a pintura não só proporciona esclarecimento para processos patológicos, mas constitui igualmente verdadeiro agente terapêutico”.
O tratamento através da atividade era visto com descaso na nossa cultura fascinada pelo pensamento racional, pelo verbo, sobretudo quando a atividade ocorria em nível não verbal.
Freud considerava a atividade plástica insuficiente para a conscientização de sonhos e fantasias, porque considerava a expressão visual um acesso imperfeito à consciência, encontrando-se mais próximo dos processos inconscientes do que do pensamento verbal. Considerava o inconsciente um “caos ou caldeira cheia de pulsões em ebulição”. Lá estavam fervendo conteúdos reprimidos, buscando satisfação, recorrendo para isso a deformações e disfarces.
A psicologia junguiana afirma que através da atividade expressiva, mesmo que o paciente não tome consciência de suas significações profundas, as imagens projetadas do inconsciente, se tornam menos apavorantes, pois ficam despojadas de suas fortes e desintegradoras cargas energéticas, e mais tarde, podem se tornar até inofensivas.
Jung afirmava: “Basta que um paciente perceba que, por diversas vezes, o fato de pintar um quadro o liberta de um estado psíquico deplorável, para que ele lance mão deste recurso cada vez que seu estado piora. O valor desta descoberta é inestimável, pois é o primeiro passo para a independência, a passagem para o estado psicológico adulto”.
A atividade expressiva pode ser utilizada para reorganizar o mundo interno do paciente, e ao mesmo tempo para reconstruir a realidade. Para tanto, o doente recorre ao uso de ferramentas, o agente mecânico que executa o trabalho, mãos, pincéis, tesouras, etc., e materiais; tintas, papéis, cola e outros objetos consumidos na construção da atividade.
Mas os problemas dos pacientes psiquiátricos dilaceram o ser, e só com uso de ferramentas e materiais, esses problemas não serão resolvidos. Como afirma Lisete Ribeiro Vaz, terapeuta ocupacional do Rio de Janeiro: “É a presença afetuosa, atenta e disponível do terapeuta ocupacional, que pode promover um clima de confiança tal que conduza o doente à manifestação plástica de seus conteúdos internos”.
Em primeiro lugar, voltar à realidade depende de um relacionamento confiante com alguém, que represente um ponto de apoio, sobre o qual o paciente poderá fazer um investimento afetivo, relacionamento que se estenderá aos poucos, a contatos com outras pessoas e com o ambiente.
Dificilmente o tratamento será eficaz se o doente não tiver a seu lado alguém que represente um suporte afetivo. Se não houver investimento afetivo na atividade, não haverá tratamento ocupacional. É através dessas manifestações expressivas que teremos acesso ao mundo interno dos psicóticos, um mundo tão pouco acessível por abordagens lógico-discursivas.
As melhoras clínicas são o resultado da despotencialização de imagens aterrorizantes, que ao se expressarem plasticamente, repetidas vezes, desgastam sua carga energética. O mesmo recurso que utilizamos depois de um filme de terror, quanto mais falamos daquelas cenas apavorantes, menos medo sentimos.
A conduta terapêutica é deixar a mais ampla liberdade de expressão aos doentes. Diferentes materiais exigirão diferentes posicionamentos, ou atitudes, do paciente durante o processo terapêutico.
“A expressão espontânea é o núcleo da Terapia Ocupacional e através dela, a Terapia Ocupacional se distingue das demais áreas de tratamento e abordagem do ser humano”, afirma Lisete Ribeiro Vaz, em seu livro “A paixão de imaginar com as mãos”.
Tratar com atividade é tratar com a vida, vida é movimento que expressa energia e vivacidade, a vida é uma atividade incessante. Não é alienar o paciente, é inseri-lo, é possibilitar seu retorno à realidade.
Érima de Andrade - Terapeuta Ocupacional - CREFITO-2 4284 TO
(Insight Psicoterapia – Ano V – n° 49, São Paulo, Lemos, 1995)
(Insight Psicoterapia – Ano V – n° 49, São Paulo, Lemos, 1995)
Nenhum comentário:
Postar um comentário